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Casamentos Comunitários são retomados no TJRJ
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 27/05/2022 14:48

Da esquerda para direita: Verônica Soares e Roberto Schoreder posam para foto em um dos corredores do Tribunal de Justiça do Rio                                                   Verônica Soares e Roberto Schoreder oficializam a união estável de sete anos através do Casamento Comunitário do Deape 

 

O aposentado Roberto Schoreder Alves, de 62 anos, tendo atuado 14 deles como segurança do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), voltou ao antigo ambiente de trabalho nesta sexta-feira (27/5). O motivo era nobre: oficializar a união estável de sete anos com Verônica Soares da Silva, de 37 anos, dona de casa, através do primeiro Casamento Comunitário realizado pelo Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape) após a interrupção do projeto devido à pandemia.

“Eu já conhecia o projeto e, antes da pandemia, demos entrada na documentação necessária para a cerimônia que aconteceria em maio de 2020, mas precisamos aguardar mais tempo para oficializarmos o compromisso. Essa data marca também a nossa despedida do Rio de Janeiro. Vamos morar na minha cidade natal, em Florianópolis, Santa Catarina. Vou poder reencontrar minhas duas filhas de outro casamento que moram lá e levar minha esposa e meu enteado para conhecê-las”, disse o aposentado.

A agora esposa de Roberto relatou ter passado dois anos ansiosa por esse momento. Depois de algumas interrupções na relação, ela estava na expectativa de selar a união de vez e comemorar.

“Depois de tanto tempo de espera não vejo a hora de dizer sim e passar a lua de mel em Santa Catarina. Vou sair do calor e ir morar lá. Quero conhecer lugares novos ao lado dele e seguir com o meu filho e me aproximar das filhas dele. A partir de agora é uma nova etapa das nossas vidas”, disse Verônica.

Para Amanda Constância, de 26 anos, dona de casa, e William Matheus, de 29 anos, motorista de aplicativo, moradores de Quintino, no subúrbio do Rio, o casamento tem uma causa maior. Ao assinar o compromisso, eles esperam conseguir a guarda dos dois sobrinhos do noivo que perderam a mãe (irmã do noivo), no mês passado, vítima de feminicídio. O casal está junto há seis anos, tem uma filha, de dois, e William mais um de outro casamento. Eles precisaram antecipar a data do casamento e conseguiram graças ao projeto que viabilizou a oficialização.

“Estou feliz por estar casando com a mulher que eu amo e para proporcionar uma vida digna aos meus sobrinhos que perderam a mãe de uma maneira trágica porque presenciaram o crime praticado pelo próprio pai. Tenho esperança de que a partir de agora com a família maior e todos unidos tenhamos paz”, explica emocionado o noivo.

Amanda contou que está preparada para esse novo momento da vida da família de superação.

“A família aumentou, mas não faltará amor e carinho para as quatro crianças juntas dentro de casa. Estarei sempre presente na vida deles e para apoiar meu marido nos momentos difíceis”, declarou.

Imagem feita durante casamento comunitário. Da esquerda para direita: Amanda com a filha Emanuela no colo, William, representante da Defensoria Pública, juíza Anne Cristine Scheele e duas testemunhas.

                                                                                                Amanda e William comemoram oficialização da união de seis anos 

Os 25 casamentos foram celebrados pela juíza Anne Cristine Scheele Santos, da 2ª Vara Cível de Nilópolis, e pelo juiz Antônio Luiz da Fonsêca Lucchese, da Central de Audiência de Custódia. Para a magistrada, que participa do projeto há cerca de 10 anos, a experiência é gratificante.

“Eu amo fazer os casamentos. Sempre gostei de participar, são muitas histórias, emoção e gratidão. Para as pessoas que estão ali é um sonho que se realiza e acaba que nós fazemos parte daquele momento”, destaca a magistrada.

O juiz Antônio Luiz da Fonsêca Lucchese, que está acostumado a julgar casos que envolvem a área criminal, diz sempre “sim” ao ser convocado há seis anos.

“Aqui nós ouvimos o ‘sim’ dos dois lados.  Eu que trabalho na área criminal, na Audiência de Custódia acompanho casos tristes, presos em flagrante. Sinto-me gratificado em acompanhar momentos de alegria e conhecer a história de vida de cada casal. Esse projeto é muito importante para todos integrantes do tribunal, incluindo os juízes, porque resgata a dignidade dessas pessoas carentes e concretiza o sonho de formalizar a união estável em casamento”, completou.

Promovido pelo Departamento de Avaliação e Acompanhamento de Projetos Especiais do TJRJ (Deape), o Casamento Comunitário tem o objetivo de converter uniões estáveis em casamentos – além de regularizar o estado civil de casais hipossuficientes, que já vivem maritalmente, para fins de proteção da família e ampliação das garantias dos direitos patrimoniais, sucessórios e previdenciários.

Na solenidade, os contemplados receberam a certidão com o novo estado civil.

As inscrições estão abertas para futuros Casamentos Comunitários pelo e-mail  gabpres.diapp@tjrj.jus.br e pelo telefone (21) 3133-1881.
 

SV/MB 

Fotos: Brunno Dantas/ TJRJ