Autofit Section
Emocionado, pai de Henry Borel relembra em depoimento últimos momentos com menino
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 06/10/2021 23:47

Segunda  testemunha a ser ouvida pela juíza Elizabeth Louro na audiência de instrução e julgamento realizada nesta quarta-feira (6/10) na 2ª Vara Criminal da Capital no processo que apura a morte do menino Henry Borel, aos quatro anos, ocorrida em março,  a delegada auxiliar da 16ª DP Ana Carolina de Caldas afirmou que a ré Monique, mãe do menino,  teria ciência da rotina de violência que Henry sofria e não o afastou desta situação, que tanto ela quanto seu namorado Jairinho, também réu na ação, mentiram no inquérito policial e que a criança já teria chegado morta ao hospital. Ela destacou ainda que as agressões a Henry teriam começado pelo menos a partir do dia 2 de fevereiro e que as reiteradas agressões físicas e psicológicas teriam ficado comprovadas, além de que a babá teria ocultado os fatos por ter sofrido ameaça velada.

Em seguida, foi a vez de o policial civil Rodrigo Melo, que participou das oitivas e diligências do caso, dar o seu depoimento. Ele afirmou que as câmeras de segurança verificadas mostraram que não houve nenhum tipo de acidente com Henry no período em que esteve com o pai em um shopping antes de ser entregue a Monique, reforçou que o laudo pericial demonstrou que o menino teve uma morte violenta e que, no dia do ocorrido, quando a perícia esteve no apartamento em que a criança foi morta, o imóvel já havia sido limpo.

O pai da vítima, Leniel Borel de Almeida Júnior, relatou que mantinha um bom relacionamento com a ex-mulher até o surgimento de Jairinho  e retratou seu filho como uma criança “maravilhosa, dócil, amorosa, o filho que toda mãe queria ter”. Afirmou que seus pais se separaram quando ele tinha a idade do Henry e que se preocupava em se manter presente na vida do filho.  Ele contou ainda que, mais de uma vez, Henry teria relatado que o “tio”, como se referia a Jairinho, o teria machucado, mas que, ao questionar Monique sobre o assunto, ela sempre negou que o filho fosse vítima de maus tratos. “Toda vez que eu pegava meu filho, verificava se ele tinha alguma marca ou escoriação”, contou.                                         

                                           Leniel Borel foi a quarta testemunha de acusação a ser ouvida na audiência

Leniel também relatou que Henry sempre demonstrava resistência em retornar à casa da mãe, comportamento que ele atribuía às mudanças recentes na vida do menino, como a separação, a alteração de endereço e a nova escola. Muito emocionado, Leniel chorou ao contar sobre o último registro de vídeo que fez do filho, cantando a música religiosa “Mãezinha do Céu”. Ele Lembrou que Henry ficou muito nervoso e vomitou na sua volta para casa no dia anterior à sua morte e que teria dito na frente de Monique que “mamãe não é mamãe boa”.  “Foi a última vez que vi meu filho vivo”, lamentou, dizendo que só teve certeza de que teria se tratado de uma morte violenta após o laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) de hemorragia interna por ação contundente. 
 
O pai do menino relatou ainda ter sofrido ameaças indiretas que acredita ser por parte de Jairinho e que foi procurado por ex-companheiras dele que relataram que seus filhos também sofreram agressões do ex-vereador, assim como Henry.  Disse que Monique era ambiciosa e que hoje ele faz tratamento psicológico e psiquiátrico e vive à base de remédios.  “Meu filho estava sendo criado para fazer a diferença nessa sociedade. Poderia ser um novo Einstein,  um criador de vacina”,  afirmou, dizendo que a última vez em que falou com Monique foi no enterro do menino.

A ex-companheira de Jairinho, Ana Carolina Ferreira Neto, com quem o médico tem dois filhos, afirmou em depoimento que tem boa convivência com ele e se considera sua amiga. Disse ainda que o visita no presídio e que nunca ouviu falar de agressão dele a crianças. “Ele sempre foi melhor pai que marido. Meu problema com ele foi devido a traições”, destacou.

Processo nº: 0066541-75.2021.8.19.0001 

SP/FS

Primeira Audiência de Instrução e Julgamento - Henry Borel | Flickr

Fotos: Brunno Dantas/TJRJ