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Mediadores judiciais e comunitários recebem certificados no auditório da Corregedoria
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 23/08/2018 18:32
“Bem-aventurados os que promovem a paz”, disse o Cardeal Dom Orani Tempesta

Cerca de 250 mediadores judiciais e comunitários formados pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec), receberam seus certificados em solenidade realizada hoje (23/8) à tarde no Auditório Desembargador José Navega Cretton. O presidente do TJRJ, desembargador Milton Fernandes de Souza; o corregedor-geral da Justiça, desembargador Claudio de Mello Tavares; e o presidente do Nupemec, desembargador Cesar Felipe Cury; compuseram a mesa ao lado do Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e da desembargadora aposentada Luísa Cristina Bottrel Souza.

Foi a desembargadora que abriu a cerimônia observando:

- Muitos dizem que quem muito sonha nada realiza. Mas temos um grande sonhador à frente do Nupemec. Apesar dos dois anos e meio de existência da lei da mediação, ainda não se conseguiu sua plena aprovação nem no Judiciário nem na iniciativa privada. Há resistências de várias ordens, na maior parte das vezes por desconhecimento. Enfrentamos falta de material e de espaço físico. Mas, se a mediação atuou de forma tão positiva em nossas vidas, temos que divulgá-la. Somos hoje um batalhão de mediação. Sabemos que, com a mediação, estamos semeando o bem.

O presidente do Nupemec ressaltou a importância do trabalho de mediação, “uma atividade tão nobre que é a de restabelecer o diálogo respeitoso e construtivo entre pessoas que têm entre si qualquer tipo de divergência. Esta é uma missão sublime. O desembargador César Cury contou que em 95/96 tomou conhecimento da mediação:

- Formamos no Juizado Especial Criminal de Niterói uma grande equipe com filtros sociológicos capazes de resolver conflitos. Em pouco tempo, tínhamos uma nova forma de resolver conflitos antes mesmo que eles aumentem de proporção. O mediador é um pacificador, um restaurador de relações, um facilitador de diálogo. É com muita alegria que estou aqui compartilhando esse momento de construção de uma sociedade mais humana e pacífica.

Em seguida, o corregedor-geral da Justiça traçou um paralelo entre o evento de hoje e o de ontem, no mesmo auditório, quando 25 jovens que cumprem medidas socioeducativas e fazem parte da Central de Aprendizagem, começaram a fazer um curso que os prepararão para entrar no mercado de trabalho. Ambas as solenidades, frisou ele, marcam a adoção de medidas que visam uma sociedade mais segura e igualitária.

- A mediação serve para fazer as pessoas se conciliarem antes da abertura de um processo judicial. A quantidade de conflitos tem crescido muito e conflitos sem solução são um verdadeiro tormento. Existe a forma tradicional de resolução de conflitos, que é o processo, mas a decisão judicial pode ou não levar à paz e, com os recursos, uma solução definitiva pode demorar até 20 anos. Os senhores vão fazer a diferença na sociedade. Vão ajudar o Poder Judiciário a diminuir essa gama de processos.

Ele criticou o que chamou de leis populistas e eleitoreiras que chegam ao Judiciário, que é obrigado a declará-las inconstitucionais. E concluiu:

- Em determinados conflitos, a judicialização pode ser desvantajosa. É preciso  mostrar ao cidadão que vale mais a pena, às vezes, recuar um pouco e fazer um acordo que fazer uma judicialização. Tem que haver uma mudança na cultura de litigiosidade, e os senhores são fundamentais nesse momento com um modelo de justiça mais conciliatório, preocupado com outro, voltado ao diálogo, à cooperação e buscando, ao fim, a pacificação duradoura.  O trabalho dos senhores trará celeridade, sigilo, confidencialidade, redução de custos financeiros, de tempo de litígio e do número de reincidência – disse o desembargador observando que, atualmente, há 100 milhões de processos em trâmite no Brasil sendo 11 milhões no Rio de Janeiro.

Dom Orani Tempesta cumprimentou o Poder Judiciário pelas iniciativas adotadas para exercer a justiça e encontrar soluções intermediárias para as diversas questões em busca de paz. O Cardeal elogiou a capilaridade do Poder Judiciário, através dos mediadores, para resolver conflitos.

- Hoje temos ligados à nossa Arquidicose 700 mediadores trabalhando há um ano e meio. Já foram atendidos cerca de 750 casos. Desses, dois terços são casos familiares. Bem-aventurados os que promovem a paz.

Encerrando a solenidade, o presidente do Tribunal de Justiça observou que o fato de o auditório estar lotado mostrava a importância da atuação dos mediadores:

- Essa função dos senhores é muito importante, quase divina por trazer harmonia e paz. Parabéns a todos. Desejo aos senhores muito empenho e sucesso.

Coube ao desembargador Milton Fernandes de Souza entregar o certificado  à  desembargadora aposentada Nanci Mahfuz, que representou os que concluíram o curso de mediador judicial sênior;  Silvério Alves Pereira recebeu de Dom Orani Tempesta o certificado do curso de mediador comunitário, em nome dos demais alunos; e  Waleska Maia Pimentel Vieira recebeu o certificado de mediadora judicial do corregedor-geral, desembargador Claudio de Mello Tavares. Os demais certificados foram entregues pelos desembargadores Cesar Cury e Luísa Bottrel.